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Alma em Lisboa
  Refugiados
  Sousa Mendes
 
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Génesis da peça

O espectáculo teatral "Alma", segundo o texto do escritor Joshua Sobol, conta a história da vida de Alma Mahler. O texto foi posto em cena como um "poli drama", com vários elementos de enredo decorrendo paralelamente. É mais que uma peça de teatro, é o acto de ver vidas a serem vividas. Vidas que encantam e destroem génios. É uma peça que cheira à vida real. Alma Mahler, de nascença Schindler, depois Gropius, mais tarde Werfel foi amante e companheira de alguns dos mais importantes artistas da sua época, incluindo Oskar Kokoschka, Gustav Klimt e Alexander Zelimsky. Musa, amante e víbora, ela acreditava que extraía de cada um dos seus amantes o que eles tinham de melhor: "Cada génio é simplesmente uma pena ainda mais perfeita para o meu ninho".

Alma sempre foi uma mulher extremamente tentadora e por isso conhecida como "a viúva das quatro artes". Agora ela consegue conquistar uma quinta arte: o teatro. "Alma", a peça, criou o seu monumento, o qual é de facto "inteiramente digno deste seu antepassado", (crítica Süddeutsche Munich).

"Alma" é como se fosse um escutar às portas de uma vida amorosa. A peça cria não só uma atmosfera, mas também tem momentos extremamente íntimos embora, ou talvez mesmo porque, o público está muito perto dos actores, chegando a haver quase contacto físico entre estas duas partes.

Trata-se de um teatro que simultaneamente oferece procura como abundância. Quem se deve seguir? A onde se deve ir primeiro? Seguir uma Alma até ao quarto, onde ela se encontrará com Gropius e partilhar com eles intimidades na posição de voyeur? Ou então ir até à cozinha, onde outra Alma está a comentar Gustav Mahler. Lá fora Werfel foge para a Palestina num camião levando consigo um grupo de espectadores! Lá em cima no estúdio, o selvagem Kokoschka morre de paixão pela sua amada. Quatro Almas estão à disposição, uma delas uma diva, que interpreta Alma na sua velhice e que voltou da sua morte. Esta convida então todos os presentes para uma festa, onde também se encontram as suas três encarnações. Através deste processo o espectador vai tentando reunir todas as informações sobre a vida de Alma, as quais vai retendo dos enredos que escolhe seguir. Contudo nunca vai conseguir dominar por inteiro a peça. Terá por isso a sensação de não ter visto o suficiente.

O banquete do enterro de Gustav Mahler pode ser seguido interactivamente com a sua música. Os espectadores são por sua vez convidados para um sumptuoso buffet durante o intervalo, o qual terá especialidades austríacas, doces e um vinho especial "Alma" vindo de Espanha. Tudo isto faz parte da performance e está incluído no preço do bilhete.

"Alma" é mais do que uma peça de teatro, é uma peça de fascinação teatral. Uma obra de arte genial, sensual e cheia de paixão.

 

 
Sanatorium Purkersdorf, Vienna

 

Alma em Viena

Esta peça, considerada de culto pelos seus conhecedores, teve a sua estreia em 1996 na semana do Festival de Viena. Da peça "Alma" foi também feito um filme em 1999. Existem fãs que já viram a peça várias vezes, aliás o grande "Almaniac" ostenta um total de 73 actuações. Durante seis Verões o famoso sanatório de Purkersdorf, nos arredores de Viena, serviu de palco para este espectáculo. É um edifício tipo Jugendstil, no qual os compartimentos foram decorados ao estilo da época da peça. Cento e quarenta espectáculos tiveram lugar neste local, todos eles com lotação esgotada. Para esta produção foram gastas 23.044 velas e 22.736 tochas. No banquete de enterro de Gustav Mahler o público teve direito a uma vasta quantidade de especialidades austríacas como: asa de galinha assada, filetes de bife em vapor e torta de maçã vienense, esta ementa foi acompanhada de 3.762 garrafas de vinho.

 

Palazzo Zenobio, Venice

 

Alma em Veneza

No seu décimo sétimo ano a produção de "Alma" procurou um novo espaço para apresentar esta peça. Partiu então em digressão, a primeira paragem foi em Veneza, a cidade onde a jovem Alma recebeu o seu primeiro beijo de Gustav Klimt e para onde viajou mais tarde com Oskar Kokoschka. Em 1922 Alma e Werfel compraram uma casa nesta cidade, a que chamaram "Casa Alma".

Também foi em Veneza que, em 1934, a sua filha Manon, fruto do casamento com Walter Gropius, ficou doente. Manon, que era considerada incrivelmente bonita, morreu no ano seguinte com treze anos. Alban Berg compôs um concerto de violino em sua memória dedicando-o à "memória de um anjo". À parte das sinfonias de Mahler o público também terá a oportunidade de ouvir este trabalho durante o decorrer da peça.

Durante a digressão italiana a língua inglesa era a mais falada, contudo as cenas com Werfel foram apresentadas em italiano e outras em alemão. O lindo Palazzo Zenobio no Fondamento del Soccorso foi alugado para este espectáculo. Trata-se de uma construção de século dezassete. Tal como em Viena também aqui utilizamos todo o espaço interior e exterior para a performance, desde um esplêndido átrio forrado a espelhos no primeiro andar, até aos quartos que conduziam até aos jardins. Os espaços estavam todos decorados até ao mais ínfimo detalhe ao estilo da época. Foram usados móveis especiais, tapeçarias antigas, pinturas, manuscritos de músicas, documentos e cartas. Foram criadas uma luxuosa casa de banho, uma cheirosa cozinha, um memorial a Alma e um café italiano. Estavam espalhados pelo espaço candelabros e imensas velas. Todos estes bens vieram connosco de Viena para este processo de "Almaficção".

A atmosfera criada por entre os estreitos canais do distrito do Dorsoduro era assustadora, especialmente quando envolvida com as chamas e tochas que iluminavam as ruas à volta do magnifico Palazzo Zenobio. Através de abóbadas reluzia um tecto em estuque dourado sumptuosamente decorado. A marcha de enterro de Gustav Mahler ressoava pela noite. Morte em Veneza: foi numa gôndola que o corpo de Mahler foi levado ...

 

Alma em Lisboa

No Verão de 2003 a produção de "Alma" vai a Lisboa, onde Alma passou provavelmente os mais desafiantes e decisivos dias da sua vida. Os Werfels fugiram de Viena em 1938, quando a Áustria caiu nas mãos do exército alemão. Em 1940 os Werfels fugiram a pé pelos difíceis Pirinéus até Espanha na companhia de Heinrich Mann e do seu sobrinho Golo Mann. Queriam deixar a Europa e ir para os Estados Unidos, conseguiram-no finalmente a bordo do Nea Hellas, o último barco que partia de Lisboa. Lisboa significava para eles a salvação. "Não há país que tenha ajudado tanto os refugiados naquela altura como Portugal". Este pequeno território revelou-se um país de transição para muitas personalidades tais como Heinrich Mann, Lion Feuchtwanger e Franz Werfel.

Uma parte importante desta história é dada ao Cônsul Geral Aristides de Sousa Mendes, que estava responsável pelo consulado português em Bordéus em 1940. A história fez com que ele acolhesse vidas humanas durante noites, de maneira a que estas se pudessem salvar e assim demonstrando que era muito mais do que a sua posição dizia. Sousa Mendes assinou vistos para cerca de 30.000 refugiados poderem entrar em Portugal, abrindo assim um escape onde ninguém esperava encontrar um. Ele contestou ordens superiores continuando a usar o seu escritório em nome da humanidade.

Na sua autobiografia, Alma escreveu: "Eu nunca vou esquecer aqueles dias de paz paradisíaca num país também ele paradisíaco, ainda por cima depois de todo o tormento que passamos nos últimos meses". Ela dizia que se sentia como uma rainha em Portugal. E realmente era isso que ela era: a rainha das musas inspiradoras dos artistas. Lisboa é um palco como se desenhado para contar o amor, a morte e os mais profundos desejos desta musa. É o local ideal para esta "femme fatale", a quem esta noite teatral é dedicada: Alma Mahler-Werfel.

Arquivo
Viena 1996 – 2001
Veneza 2002